terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Buscando bem-estar e qualidade de vida

Ao assistirmos a televisão ou ao folhearmos uma revista observamos homens e mulheres esbeltos e com corpos perfeitos. Temos a impressão de que este é o modelo de saúde e bem-estar.Isso tem levado as pessoas a buscar soluções mágicas como cirurgias plásticas, remédios milagrosos ou dietas radicais. Mas isso não tem tornado as pessoas mais saudáveis e, principalmente, mais felizes.A saúde, a qualidade de vida e o bem-estar não se resumem a ter uma pressão arterial controlada, bons níveis de colesterol no sangue ou fazer check-ups todos os anos.

As dimensões de qualidade de vida, física, emocional, social, espiritual e intelectual compõem o todo do ser humano. E todas estas dimensões devem ser cultivadas e desenvolvidas no dia-a-dia ao longo de toda a nossa vida. Brian Luke Seaward nos lembra de que "o todo é maior que a soma das partes e todas as partes devem ser vistas igualmente como partes do todo". Estas partes não podem ser separadas, pois as dimensões físicas, emocionais, sociais, espirituais e intelectuais estão intimamente inter-relacionadas. A receita é integração, equilíbrio e harmonia entre estas dimensões.

A conexão entre as diferentes dimensões da saúde e qualidade de vida tem sido estudada e as evidências têm se mostrado cada vez mais fortes. Dean Ornish, em seu livro "Love & Intimacy" apresenta vários estudos científicos, bem elaborados e consistentes, envolvendo milhares de pessoas, em todo o mundo. Estas pesquisas demonstraram que o amor, a amizade, o perdão, o apoio fraternal e a comunicação entre as pessoas têm forte relação com as doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio e derrame cerebral), os problemas imunológicos, as doenças gastrintestinais, o câncer e o tempo de vida. Conclui que o amor, a amizade e o apoio de outras pessoas são necessidades tão importantes para as pessoas como dormir, comer ou mesmo, respirar. Deste modo, estes valores têm que ser cultivados com as ferramentas do perdão, da comunicação sincera, do contato com as outras pessoas, da meditação, do apoio mútuo, da ajuda profissional (através da psicoterapia, por exemplo) e do serviço voluntário para ajudar alguém que precisa.

Uma nova modalidade de estudo da dimensão emocional, denominada psicologia positiva, que tem em Martin Seligman um dos seus pilares, demonstra que as emoções positivas funcionam como previsão de saúde e longevidade. Pessoas felizes tem melhor estilo de vida, pressão arterial mais baixa e um sistema imunológico mais ativo que as menos felizes. Sabe-se que as pessoas otimistas cuidam mais da saúde e têm resultados melhores quando são submetidos à cirurgia ou outros tratamentos. A boa notícia é que os traços positivos, principalmente as forças e virtudes, como a gentileza, a capacidade de perdoar, a humildade, o autocontrole, a liderança, a perseverança, a integridade, à vontade de aprender e o humor podem ser cultivadas e desenvolvidas. Assim, também no aspecto emocional, não se trata somente de cuidar de doenças como a depressão, as psicoses, os traumas, mas buscar desenvolver as virtudes e forças positivas para viver melhor e ser mais feliz.

Somos parte do universo e nossa presença, como pessoa, como ser político, como pai ou mãe, como irmão ou irmã, como amigo, faz a diferença. Não somos só um número, um RG, mas uma pessoa única e especial. Ninguém consegue viver bem sem acreditar que pertence a algo maior e mais permanente do que a simples existência. Tocarmos o dia-a-dia como robôs, com uma rotina sem sentido, não dá significado a nossa vida.Diante de tanta violência, maldade, corrupção, pobreza e guerras, muitas pessoas acabam tendo a atitude da avestruz: colocam a cabeça na areia, se escondem e resolvem tocar a sua vida sem pensar ou se envolver. Mas, sabemos que não é possível ter uma vida feliz ou com qualidade de vida sem assumirmos parte da responsabilidade pelo cuidado com o nosso país, com as pessoas com as quais a gente convive e com o mundo onde vivemos.

Na verdade, nem sempre conseguimos grandes vitórias ou mudanças, mas esta interação, buscar melhorar as coisas, já nos dá a sensação de recompensa e nos deixa mais felizes. Isso nos dá uma sensação de pertencimento, isto é, fazemos parte do jogo, fazemos a diferença!

Muitas vezes, a nossa saúde e qualidade de vida não são as ideais. O primeiro impulso é assumirmos a posição de vitimas e ficarmos paralisados. A situação só tende a piorar.Deste modo, o primeiro passo é sermos proativos. Tudo começa pela nossa atitude. Adquirir conhecimentos, buscar ajuda com profissionais competentes e estabelecer metas e objetivos são atitudes que permitem evolução e crescimento.É fundamental que tenhamos um tempo para o nosso cuidado e crescimento pessoal. Devemos reservar uma parte do nosso dia para atividades que criarão condições para uma vida melhor. Deste modo, criar um espaço em nossa agenda para realizar atividade física, ligar para os amigos, ir ao dentista ou olhar o pôr-do-sol fará a diferença em nossa vida.

Estamos freqüentemente envolvidos com as atividades do dia-a-dia, com os compromissos, com a preocupação com o futuro. Muitas vezes nos comportamos como autômatos. Jon Kabat-Zinn demonstrou que uma das melhores maneiras para melhorar a qualidade de vida e reduzir o estresse é estarmos conscientes, observarmos atentamente a realidade em que vivemos, sem julgamentos. A concentração está relacionada com viver em harmonia consigo mesmo e com o mundo. Através desta postura, vivemos e valorizamos cada momento, apreciamos as coisas boas, aprendemos com os erros e conseguimos trocar energias positivas com as pessoas.

A qualidade de vida não é atingida somente com grandes realizações, crescimento material ou acontecimentos fantásticos. Mihaly Csikszentmihalyi estudou os acontecimentos que deixavam as pessoas mais felizes ou satisfeitas e fazem a excelência na vida. Observou que pequenos eventos, em casa, no trabalho ou no lazer trazem grande satisfação e ajudam a reduzir o stress. Devemos nos lembrar que a qualidade de vida não é uma meta que atingimos e, pronto! Ao longo de toda a nossa vida, com momentos bons e ruins, com altos e baixos, vamos evoluindo, aprendendo e nos fortalecendo.

Outro aspecto importante: não há uma receita pronta, uma prescrição médica. Cada pessoa deve construir o seu caminho, sua história de vida. Este livro não oferece uma "receita de bolo", mas a experiência de especialistas que buscam oferecer pistas para uma vida melhor.Como dissemos, a nossa saúde e qualidade de vida possuem as dimensões física, emocional, social, espiritual e intelectual. O crescimento e o bem-estar provêm do equilíbrio entre estas dimensões. Assim, é importante fazer o diagnóstico. Ao final deste capitulo, há um pequeno teste para que você conheça qual área precisa melhorar para equilibrar as diferentes áreas da sua vida. A partir deste diagnóstico, é importante estabelecermos METAS E PRIORIDADES. Elas devem ser claras para evitar a distração e termos um caminho a seguir. Inicialmente, a partir da avaliação, faça uma lista de metas de longo prazo. Elas devem ser atingidas e mantidas por, pelo menos, um ano. Além disso, as metas devem ser realistas e que podem ser conferidas ao final do período. Por exemplo, você pode ter como meta, parar de fumar, ter uma vida mais ativa e realizar atividades físicas, cinco vezes por semana ou rever a alimentação e perder dez quilos de peso. Mas antes disso, estabeleça algumas metas de curto prazo que ajudarão a atingir a meta de longo prazo. Por exemplo, se deseja ser mais ativo, inicie com caminhadas duas vezes por semana, pela manhã e vá aumentando a freqüência até atingir os cinco dias desejados, convide um amigo para caminhar junto ou passe a levar o cachorro para passear.

A melhoria da saúde e da qualidade de vida é um caminhar constante, superando os obstáculos, passo-a-passo. Exige paciência, perseverança e planejamento.

EXTRAIDO DO LIVRO "Wellness - Seu Guia de Saúde e Qualidade de Vida" de Alberto Ogata e Ricardo De Marchi, publicado pela Editora Campus Elsevier.

Fonte :www.abqv.org.br




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